Depois de mesurar queda em agosto, a inflação oficial do Brasil deu volta por cima: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,48% em setembro de 2025, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado foi divulgado em 9 de outubro, na sede do IBGE, localizada em Rio de Janeiro. O que realmente mexeu com a conta dos brasileiros foi a forte pressão do Grupo Habitação, que elevou seus preços em 2,97%, puxado quase que totalmente pela conta de luz.
Contexto: da deflação à alta inesperada
Em agosto, o país registrou a primeira deflação oficial em um ano – -0,11% – um alívio que parecia promissor. Contudo, a virada se deu em setembro, quando a alta de 0,48% representou o maior salto mensal desde março de 2025 (0,56%). No acumulado de 12 meses, a taxa chegou a 5,17%, ultrapassando a meta de 4,5% estabelecida pelo governo. Para quem acompanha a bolsa e os indicadores, o número ficou levemente abaixo das expectativas de mercado, que previam 0,55%.
Detalhes da alta: o papel da energia elétrica
Dentro do Grupo Habitação, o subitem energia elétrica residencial foi o protagonista. Depois de registrar queda de 4,21% em agosto, a tarifa subiu impressionantes 10,31% em setembro, adicionando 0,41 ponto percentual ao índice geral. A explicação do IBGE? O fim do Bônus de Itaipu nas contas de luz, conforme noticiado pelo G1 Globo. Esse ajuste fiscal provocou o maior salto mensal da energia residencial desde 1995, quando o grupo habitacional havia registrado alta de 4,51%.
Reação dos mercados e das expectativas
Analistas do Trading Economics já haviam sinalizado uma leve pressão sobre os preços, mas a magnitude da conta de luz pegou muitos de surpresa. "O IPCA de setembro ficou abaixo da previsão de 0,55%, mas ainda demonstra que a inflação de energia tem poder de mudar o panorama", comentou o economista sênior Carlos Melo, da corretora Investidor 10. A própria plataforma de investimentos registrou que o acumulado de 12 meses teria que ser revisado para 5,23% – ainda acima da meta.
Impactos para os consumidores e para a política monetária
Para o bolso da gente, a conta de luz mais cara significa menos dinheiro para gastar em supermercado e educação. A alta de quase 3% no Grupo Habitação também pressiona o custo dos aluguéis, que tendem a acompanhar o índice. No âmbito da política econômica, o Banco Central agora tem que ponderar se eleva a taxa Selic para conter a pressão inflacionária ou mantém o ritmo para não frear a recuperação do PIB. O ministro da Fazenda ainda não comentou oficialmente, mas fontes próximas ao Ministério da Economia indicam que a reunião do Copom está sendo observada com mais cautela.

Comparativos históricos e projeções
Se olharmos para trás, a última vez que o grupo habitacional registrou alta acima de 2,5% foi em 1995, quando o Brasil ainda lidava com hiperinflação. Desde então, o IPCA vinha exibindo variações mensais mais suaves, até o surpreendente revés de setembro de 2025. A projeção da agência de estatística aponta que, caso a energia elétrica continue sem ajustes, a inflação anual poderia estabilizar entre 5,0% e 5,4% nos próximos dois meses. Por outro lado, se o governo conseguir renegociar o Bônus de Itaipu ou introduzir medidas de corte de custos, a tendência poderia inverter novamente.
O que esperar nos próximos meses
Outubro já promete ser decisivo. O IBGE programou a divulgação do IPCA de outubro para 15 de novembro. Enquanto isso, a agência reguladora de energia (ANEEL) deve publicar o novo modelo de tarifa, que poderá suavizar o impacto nas residências. No cenário internacional, o dólar tem se mantido estável, o que ajuda a conter a pressão sobre os preços de importação. Ainda assim, os consumidores devem ficar atentos aos reajustes de contratos de energia, água e transporte, que costumam seguir o ritmo da inflação.
- IPCA setembro 2025: +0,48% (maior desde mar/2025)
- Inflação acumulada 12 meses: 5,17% (acima da meta 4,5%)
- Grupo Habitação: +2,97% (principal impulsionador)
- Energia elétrica residencial: +10,31% (maior alta setorial)
- Expectativa mercado: +0,55% (resultado ficou abaixo)
Perguntas Frequentes
Como a alta da energia elétrica afeta a conta de luz dos consumidores?
A tarifa residencial subiu 10,31% em setembro, refletindo o fim do Bônus de Itaipu. Isso elevou a conta média em cerca de R$ 45,00 por mês, impactando diretamente o orçamento familiar.
O que o Banco Central pode fazer diante da inflação acima da meta?
Ele pode aumentar a taxa Selic para conter a demanda, mas corre o risco de frear o crescimento econômico. Na última reunião, o Copom ainda não definiu um ajuste, aguardando os indicadores de outubro.
Por que a inflação de setembro ficou abaixo das expectativas?
Embora a conta de luz tenha puxado o índice para cima, outros grupos — como alimentos e transportes — apresentaram variações menores que o previsto, compensando parte do impacto.
Qual a diferença entre a inflação acumulada nos últimos 12 meses e a inflação no ano de 2025?
A inflação de 12 meses chega a 5,17%, enquanto o acumulado apenas em 2025 (janeiro a setembro) é de 3,64%. O indicador de 12 meses inclui o efeito de altas de 2024 ainda não totalmente amortizadas.
Quando será divulgado o IPCA de outubro?
O IBGE programou a divulgação para 15 de novembro de 2025, data em que serão analisados os últimos números de energia, alimentos e serviços.
Camila Alcantara
Não é surpresa que a inflação volte a subir, afinal o governo tem deixado o Brasil à mercê das altas internacionais enquanto os nossos trabalhadores sofrem com a conta de luz! O Grupo Habitação explodiu porque o Estado falhou em proteger a gente. Cada ponto percentual que a energia sobe é um tapa na cara da nossa classe média, que já está cansada de promessas vazias. Se o Brasil não retomar o controle da tarifa, vamos continuar engolindo o bolso como se fosse um churrasco no palácio. É hora de pôr o Brasil em primeiro lugar e exigir medidas enérgicas contra esse desequilíbrio!