O crescimento meteórico da Havan e o estilo de Luciano Hang
Difícil passar por uma avenida de grande cidade brasileira e não notar o visual incomum de uma loja Havan: fachadas inspiradas na Casa Branca, letreiro enorme e a estátua da Liberdade garantem o reconhecimento imediato da marca. Por trás disso, está Luciano Hang, que acumula uma fortuna de cerca de US$ 3,2 bilhões segundo a Forbes. De vendedor do setor têxtil no interior de Santa Catarina, Hang virou bilionário apostando em um modelo de varejo agressivo, buscando padronização e presença nacional rápida.
Desde 1986, quando fundou a loja junto com Vanderlei de Limas, Hang traçou uma trajetória marcada pela ousadia. Ele comprou a parte do sócio anos depois e fez a marca crescer exponencialmente. Até 2019, já eram 126 lojas em 17 estados e a meta era alcançar 145 no mesmo ano, uma expansão que não passou despercebida pelo setor varejista. O segredo? Centralizar operações, investir no reconhecimento visual e fazer da loja um ponto turístico local. O marketing também sempre foi prioridade: Hang aparece com frequência em anúncios e nas redes, sempre com posicionamento empresarial e político bem explícito.

Mais do que varejo: energia, imóveis e investigações federais
O apetite de Luciano Hang vai além das prateleiras. Apesar da Havan ser a principal fonte de renda, o empresário diversificou os ganhos apostando pesado em outros setores. Ele possui hidrelétricas, postos de combustíveis, empreendimentos imobiliários e participa de fundos de investimento. Esses ativos ajudam a mitigar riscos, especialmente para quem atua num setor tão sensível à economia quanto o varejo paulista e brasileiro. Não são negócios para amadores: a gestão exige atenção a burocracias, custos operacionais e desafios de mercado.
No entanto, não foi só pelo sucesso empresarial que Hang chamou atenção nos últimos anos. Em 2022, o Supremo Tribunal Federal determinou busca e apreensão de bens, além do bloqueio de contas do empresário, como parte das investigações envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro por supostos atos antidemocráticos. Hang sempre foi voz ativa a favor do livre mercado e não escondeu seu apoio ao então presidente, tanto no ambiente físico das lojas quanto nas redes sociais, onde soma mais de 7 milhões de seguidores só no Instagram.
O caso evidencia o quanto a imagem pública de empresários no Brasil está ligada, cada vez mais, à polarização política e à exposição digital. Hang, que já enfrentou críticas tanto pela condução dos negócios quanto pelo discurso, segue apostando alto: seja abrindo novas lojas, seja marcando presença no debate público e influenciando os rumos do varejo nacional.